Em 2 de junho de 2014, foi instituído por meio da Lei nº 12.987, o dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, celebrado em 25 de julho. Você sabia disso? Provavelmente não.
Conheçam então Tereza de Benguela! Mais um nome esquecido da história negra nacional, que o Café Quilombo vem fazer jus! Rainha Tereza, Tereza de Benguela!
Uma mulher negra, que viveu no século XVIII e foi a líder do Quilombo do Piolho, também conhecido como Quilombo do Quariterê, localizado entre o rio Guaporé e a atual cidade de Cuiabá, no Estado do Mato Grosso. O maior Quilombo do Estado, abrigando mais de 100 pessoas entre negros e indígenas.
Digna de seu título, Rainha Tereza era uma líder firme, comandava toda a estrutura política, econômica e administrativa do Quilombo, assumindo seu posto após a morte de seu companheiro, José Piolho, em 1750. Porém, também existe a possibilidade de que Rainha Tereza tenha liderado o Quilombo desde sua formação, em 1730. Não seria surpresa se essa fosse a verdade... Afinal não reconhecer uma mulher, líder e negra é coisa antiga...
Seja como for, Rainha Tereza seguiu liderando o Quilombo até 1770, quando foi destruído pelas forças de Luís Pinto de Sousa Coutinho. Durante seu comando, criou uma espécie de parlamento onde todas as decisões eram discutidas em grupo, e havia uma estrutura de conselheiros. Reforçou a defesa do Quilombo do Quariterê com armas adquiridas a partir de trocas ou tomadas após conflitos com os bandeirantes e capitães do mato, que atacavam a comunidade quilombola.
Rainha Tereza navegava com barcos imponentes pelos rios do pantanal, e em suas terras eram cultivados milho, feijão, mandioca, banana e algodão, utilizado na fabricação de tecidos. A economia do Quilombo baseava-se na venda do que não era necessário à sobrevivência.
Não se sabe ao certo como nossa Rainha morreu. Um documento da época afirma: “em poucos dias expirou de pasmo. Morta ela, se lhe cortou a cabeça e se pôs no meio da praça daquele quilombo, em um alto poste, onde ficou para memória e exemplo dos que a vissem”. Outra versão conta que ela suicidou depois de ser capturada por bandeirantes a mando da capitania do Mato Grosso, por volta de 1770, enquanto outra afirma que Tereza foi assassinada e teve a cabeça exposta no centro do Quilombo. A população do Quilombo era de 79 negros e 30 indígenas quando este foi destruído.
Além da comemoração em sua homenagem no dia 25 de julho, Tereza de Benguela também foi homenageada pela escola de samba Viradouro, em 1994. Bem, desde aquela época até os dias atuais, “Rainhas Terezas” continuam a lutar por Liberdade, Respeito e Justiça neste país. Seja nas terras remanescentes de Quilombos, ou em todo território nacional, essa saga continua sendo levada a cabo por mulheres negras. Enxergadas como exóticas em sua própria terra, indignas de serem chamadas de líderes! Lutam.... Tentam incessantemente fazê-los entender que não pertencem a nada e a ninguém além delas mesmas e de seus ideais. Que são livres em espírito e que hoje, mais do que nunca, não irão se calar. Rainhas de seus quilombos! Sendo estes preenchidos por sonhos, imponência, força e coragem! Salve Tereza de Benguela!
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